As Ruínas do Solar dos Castelo Branco

As Ruínas do Solar dos Castelo Branco – Vulgarmente conhecido como castelo de Pirescouxe- corresponde à casa da quinta que foi cabeça do morgadio instituído em 31 de outubro de 1442 por um dos ramos da família dos Castelo Branco (o que acumulou, entre outros, o título de Conde Pombeiro e Marquês de Belas). Tal como Vale de Flores pertence à tipologia das Quinta de Recreio construída para fins de lazer nos arredores de Lisboa . No entanto, o seu “ar acastelado” tem contribuído para que se pense estar em presença de um exemplar a arquitetura militar, ou, no mínimo, de uma casa fortificada . Igualmente, o estilo arquitetónico, também parece não reunir consenso : O investigador da casa portuguesa, Carlos Azevedo, considera-a uma casa quinhentista manuelina (das mais importantes desta época dos arredores de Lisboa), mas evidenciando, ainda, elementos medievais, enquanto Rafael Moreira, especialista em arquitetura do renascimento, indica-a como um dos poucos exemplos que subsistem de villas rústicas renascentistas .

A casa desenvolve-se em redor de um pátio quadrangular sugerindo uma deliberada busca pela simetria e racionalidade . Estas últimas características que são associadas à gramática renascentista terão resultado, ao que tudo indica, de uma remodelação do último quartel do século XVI. Um olhar cuidado , facilmente conseguirá identificar troços que correspondem a ciclos de obras anteriores e estilos arquitetónicos distintos.

Embora a imagem militar – aspeto compacto , torres quadrangulares ameadas, uma estrutura abaluartada – seja a primeira marca transmitida pelo imóvel, a análise detalhada não sustenta essa perceção, uma vez que não se vislumbram elementos e formas construtivas associadas a essa tipologia arquitetónica, sugerindo, até, a possibilidade de ter existido, à semelhança de Vale de Flores , uma varanda que percorreria toda a fachada sul , abrindo-a á paisagem e ligando , eventualmente, dois terraços ( um deles o alegado baluarte ) . É difícil – ou mesmo impossível- determinar a função de cada um dos espaços , admitimos, no entanto, que existem dois andares, o superior destinava-se a habitação e o inferior seria para apoio a atividades agrícolas; é ainda observável testemunhos de um lagar de vinho (do século XV?). Na envolvente que não foi ocupada com construção, sobretudo no vale, identificam-se, ainda alguns elementos da estrutura hidráulica da quinta e testemunhos do antigo olival.

A ruína do paço encontra-se classificadas como IIP ( Imóvel de Interesse Público) desde dezembro de 1961 (Decreto n.º 44 075, ) e não tem Z.E.P. (Zona Especial de Proteção). Possui o número de registo de inventário IPA.00006307 (SIPA / Sistema de Informação para o Património Arquitetónico).

Nuno Vasques de Castelo ( vedor de D. Duarte ) e sua mulher, Joana Juzarte , viúva de Afonso Alvernaz a quem pertenceu esta propriedade – instituíram o morgadio e terão, seguramente, remodelado o Paço e mandado fazer a Pedra d´Armas (hoje à guarda do Museu Nacional de Arte Antiga). Este e a aldeia onde se situava , à data denominados de Pero Escouche, passaram, por vontade do casal a designar-se Castelo Branco “ O Novo” . Não tendo filhos, sucedeu-lhes na administração do morgadio Lopo, filho primogénito do irmão de Nuno. A modernização do solar , o alargamento da propriedade e marca dos Castelo Branco que nos chega até hoje , dá-se essencialmente pelas mãos dos Castelo Branco que administraram o morgadio entre os finais do século XV e meados do século XVII. A partir dessa data a ligação da família a esta casa vai-se perdendo; em 1765 estava arrendada e nos finais do século, XIX , já muito arruinada foi vendida. Ao longo do século XX vão sendo desanexadas parcelas , para viabilizar a instalação da Indústria , a construção do Bairro operário da Covina , a escola Escola Básica dos 2 e 3º ciclos e por fim a urbanização da Quinta do Castelo . É neste contexto que o urbanizador cede ao Município de Loures o denominado Castelo de Pirescouxe adaptando-o a “ um Centro de Cultura “ . A inauguração desta reabilitação e início do novo ciclo deste património realizou-se a 2 de Dezembro de 2001 .

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