Reflexões à volta da criação da página da Quinta de Vale de Flores

A Quinta de Vale de Flores situa-se em Via Rara / Freguesia de Santa Iria da  Azóia / Concelho de Loures e foi classificada globalmente  imóvel de Interesse público em 1982. Nela existe  um dos melhores exemplares de arquitectura doméstica quinhentista dos arredores de Lisboa, senão do território português, e um dos poucos que manteve as suas principais características arquitectónicas, incluindo a organização do espaço interno. É propriedade pública ( Município de Loures) desde 2005 e  na qualidade de  Imóvel de Interesse público encontra-se sob a alçada  da DRCLVT ( Direcção Regional da Cultura de Lisboa e Vale do Tejo) e do IGESPAR ( Instituto de Gestão do Património Arquitectónico) 

Por vicissitudes, várias, vem sofrendo um processo de degradação secular.Encontrando-se neste momento  a atingir o limite, se é que ainda não atingiu, a partir do qual uma reabilitação, mesmo que conservativa só será possível com elevados danos da sua autenticidade histórica, construtiva e material. Ultrapassado o ponto de não retorno, qualquer reabilitação do edifício resultará em algo com menor valor patrimonial. É urgente intervir para estancar a degradação, antes que a ruína se torne irreversível. Se a informação se perder o que há para conservar?

  A ideia e a decisão de  conservar um edifício assentam no facto de ele conter informação a preservar e a transmitir para o futuro .É necessário portanto o conhecimento  dessa informação, da sua importância relativa – se ela se perder qual o impacto que ela tem no acervo cultural de um povo/comunidade? A resposta a esta pergunta é ( deveria ser) decisiva na ordenação das prioridades de intervenção no património cultural construído.

No caso da Quinta de Vale de Flores, acreditamos que não só existe ainda    informação a preservar ( nos domínios da arte, técnicas construtivas, materiais…) como ela de  elevado valor cultural  – não nos podemos esquecer que  estamos perante  um testemunho singular da arquitectura domestica do Renascimento Português, a qual, como refere uma das maiores autoridades na matéria – o Prof. Rafael Moreira- ,  é entre nós uma autentica incógnita.

Há cerca de uma década  um grupo  cidadãos  de Santa Iria assumindo as suas responsabilidades na defesa deste património iniciaram uma caminhada determinados a contribuírem por todos os meios ao seu alcance para preservação da Quinta de Vale Flores . Centraram os seus esforços não em encontrar culpados para o estado em que chegou esta jóia de Santa Iria , mas sim em  encontrar e propor caminhos, envolver e sensibilizar entidades responsáveis  e académicos  , conhecer e dar a conhecer  este “ bem comum”. É neste âmbito e dentro da mesma filosofia que nos parece oportuno a criação desta página para de uma forma mais alargada ,  partilhar conhecimento e preocupações , juntar sinergias, propor  e discutir soluções.

Todos são bem vindos se vierem por bem da Salvaguarda da Quinta de Vale de Flores  .

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